Para quem trabalha como engenheiro calculista, e para todos que pretendem seguir esta área, a NBR 6120 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações, é aquela Norma que deve sempre estar debaixo do braço e na ponta do lápis.
Só da Norma tratar sobre o cálculo estrutural, você já consegue ter uma boa noção do quão importante ela é, afinal de contas, esta é uma das mais (se não a mais) importantes áreas de um projeto. Não atoa ela recebeu uma revisão recente, realmente recente, de 2019.
Mas não precisa se preocupar, aqui nós te explicaremos o que mudou na revisão da NBR 6120, além de tudo o mais que você precisa saber sobre esta Norma tão importante para a construção civil.
A NBR 6120
Como você já pode concluir só pelo nome da Norma “Ações para o cálculo de estrutura de edificações”, a NBR 6120 trata justamente sobre o cálculo estrutural.
Com isto dito, torna-se indispensável que falemos sobre o porque dela ser uma Norma tão importante, tendo em vista que o cálculo estrutural é aquilo que, literalmente, irá garantir que a construção permaneça de pé. Investir em um bom engenheiro calculista jamais deve ser visto como um gasto, mas sim como um investimento para a segurança de sua obra.
Vários são os casos Brasil a fora de construções que desabam (casas, prédios, pontes, viadutos, etc) e a grande maioria acaba desabando por um motivo: erro de cálculo. Claro, inúmeros outros fatores fazem parte desta conta, mas um bom cálculo estrutural (desde que o projeto seja seguido a risca por quem o for executar) reduz a chance de quaisquer problemas futuros que você possa vir a ter.
A NBR 6120 abrange duas cargas para todos os projetos, são o que chamamos de carga permanente (g) e carga acidental (q). De modo que você possa entender melhor cada uma dessas cargas e qual a importância delas durante uma obra, vamos exemplificá-las abaixo.
A carga permanente (g)
A NBR 6120 considera como carga permanente toda carga que é imutável, ou seja, que irá existir independente da finalidade de sua construção. Entram na categoria de carga permanente o peso próprio da estrutura, e também o peso de todos os elementos construtivos fixos que fazem parte da estrutura.
Além dos citados acima, também podem fazer parte da carga permanente de uma edificação as paredes divisórias, em que sua posição não esteja previamente prevista no projeto. Já para o caso dos pisos (que também é sempre bom lembrar que influenciam no peso final da estrutura), seu cálculo de peso pode ser adquirido admitindo-se uma carga uniforme distribua por metro quadrado, tendo sempre em mente o valor mínimo de 1 KN/m².
E claro, dependendo do material a ser utilizado na construção, o peso da edificação sofrerá alterações, podendo ser tanto mais pesada quanto mais leve. A NBR 6120 traz uma Tabela específica com o peso específico dos materiais que são mais frequentemente utilizados na construção civil, de modo a facilitar este cálculo.
A carga acidental (q)
Acima dizemos que a carga permanente independe da finalidade de sua obra, já aqui, na carga acidental, isto influencia diretamente. Pessoas, móveis, veículos e demais materiais que irão estar em sua obra devem ser levados em consideração neste cálculo, e claro, você não precisa saber exatamente o número de pessoas e móveis, mas sim seguir um valor médio pré-definido para cada tipo de estrutura.
E quando dizemos “para cada tipo de estrutura”, é sempre bom levar isso a sério. Um apartamento para 4 pessoas deverá possui um cálculo estrutural de uma biblioteca, um depósito de materiais, uma garagem no último andar de um edifício ou um lugar para o arquivamento de uma empresa, são estruturas com pesos diferentes, por conseguinte o cálculo estrutural de um é diferente do de outro.
E claro, como dizemos, você não precisará ter em mãos a conta exata de todo o peso que irá naquela estrutura que você está calculando, sendo que a NBR 6120 novamente lhe traz uma tabela com a carga de projeto que você deverá considerar dependendo da finalidade da obra que você está executando.
O que há de novo na NBR 6120
Nós dizemos acima, a NBR 6120 recebeu uma revisão bastante recente, em 2019, e o que mudou nessa revisão da Norma?
Abaixo nós destacamos os principais pontos que houveram mudanças na Norma, para você entender o que há de novo na NBR 6120 e conseguir se adaptar.
1 – Ações permanentes
A antiga NBR 6120 contava com 3 parágrafos para determinar as cargas permanentes, sendo que a revisão é muito mais criteriosa em como estas cargas serão quantificadas. A tabela listada acima com o peso específico dos principais materiais utilizados na construção civil é uma das novidades nessa revisão da Norma.
A revisão da Norma traz também referências a Norma Australiana e ao Código Europeu para o levantamento de cargas em funis, silos e em outras estruturas de armazenamento a granel. Esta revisão também traz uma seção específica focado no levantamento de cargas de hidrostáticas e empuxos.
2 – Ações variáveis
A antiga versão da NBR 6120 considerava cargas variáveis como estruturas estáticas, porém nós sabemos que a realidade não é bem essa. Estruturas como ginásios esportivos, passarelas e arquibancadas são sujeitos a efeitos dinâmicos tais quais a ressonância, e agora nessa revisão da Norma isto já é considerado, acompanhe o que a NBR 6120 realmente diz sobre isto:
“As cargas variáveis devem ser consideradas como quase-estáticas. Para cargas que possam induzir efeitos de ressonância ou outra resposta dinâmica significativa da estrutura (por exemplo: danças, saltos, movimentos de máquinas, etc.), esses efeitos devem ser levados em consideração por meio de fatores dinâmicos ou análise dinâmica específica.”
A revisão também engloba muitos outros locais que apresentam cargas acidentais, você pode conferir todos estes novos locais que agora são contemplados pela Norma na tabela acima, que antes não era tão abrangente assim. Inclusive, é bom destacarmos que alguns valores foram alterados com relação a última versão da Norma.
Abaixo estão alguns pontos sobre as cargas variáveis que foram alterados com esta nova revisão da Norma e vale a pena ficar de olho:
- As paredes divisórias em que a posição não está definida no projeto são consideradas como cargas permanentes e possuem na versão antiga um valor mínimo de 1 kN/m², entretanto, com a nova versão agora estas paredes são consideradas como cargas variáveis cujo valor estará entre 0,5 até 1 kN/m², dependendo de qual o peso próprio das paredes.
- Forças horizontais em elementos destinados a proteção de pessoas (barreias ou guarda-corpo) são considerados na antiga versão como uma carga horizontal de 0,8 kN/m e na altura do corrimão, na versão atualizada da NBR 6120 esta carga irá variar entre 0,4 kN/m até 5 kN/m, dependendo exclusivamente da finalidade da barreira.
- Essa nova versão também engloba ações específicas que ocorrem durante o período de construção da obra, mesmo que se trate apenas de ações transitórias elas devem ainda assim garantir os Estados Limites durante esta fase de construção.
- Nesta nova versão da Norma há também um tópico focado nas cargas variáveis em coberturas, sendo que o valor dependerá exclusivamente da inclinação da laje ou telhado. Isso pode ser verificado no gráfico abaixo:
- Já com relação aos veículos, agora eles serão separados por categorias, sendo que cada uma irá delimitar um limite máximo de altura e peso para estes veículos, a carga uniformemente distribuída que deverá ser considerada na análise global da estrutural, a carga concentrada que será considerada para a análise dos elementos isolados, além de também levar em consideração as forças horizontais e a altura de aplicação de modo a simular o impacto nos pilares.
Conclusão
Agora você já possui uma boa noção sobre a NBR 6120 atualizada, e qual a sua real importância para a construção civil, certo? Saiba que esta é a Norma de cabeceira para todos os engenheiros calculistas e, se você planeja se tornar um, trate de providenciar esta Norma o quanto antes.
