Quando se tem uma grande família, ou um grande grupo de amigos, onde todos realmente se amam e gostam de conviver juntos, é normal que uma hora ou outra a conversa se encaminhe par ao cohousing. E mesmo que em alguns casos não se faça a menor noção do que é o cohousing, ainda assim seu conceito é bastante comentado.
Pois saiba que, suas conversas nos grupos de amigos ou familiares já rendeu algo próximo de:
“Por que a gente não mora tudo num lugar só, com casas separadas e cada um vivendo por si só, ajudando um ao outro?”
Saiba então que, talvez mesmo sem saber, vocês estavam se referindo ao cohousing. Se quer entender melhor sobre o que se trata o cohousing, e como ele realmente funciona na prática, é só continuar acompanhando este artigo que nós te explicaremos tudo isso. Pois então vamos lá!
Entenda o que é o cohousing
A sociedade atual está incrivelmente individualista. Todas as coisas são feitas para serem obtidas dentro de apenas uma casa, para poucas pessoas. A sua moradia é um “território” só seu, que ninguém mexe e nem ajuda em nada.
Milhares de pessoas investem em um carro que cabe no mínimo quatro pessoas, mas usa os automóveis para irem sozinhas para o trabalho ou qualquer outro lugar. Na contramaré desse doentio individualismo, existe o cohousing.
O cohousing é um conceito que motiva o senso de comunidade, onde pessoas moram em um lugar onde os recursos e tarefas são compartilhadas.
Basicamente, funciona como uma espécie de vilarejo privado, onde os inquilinos privilegiam o espaço comum e cada comunidade de cohousing tem seus próprios princípios.
“E onde foi que surgiu o cohousing?”
O cohousing surgiu na Dinamarca, por volta de 1960, a partir da necessidade de um grupo de famílias de viver em comunidade, diminuindo o custo de vida e promovendo o sentimento de pertencimento e compartilhamento, não só do espaço físico, mas também das experiências pessoais.
“E o que é preciso para criar um cohousing?”
Para criar um cohousing é fácil, e não precisa de tanto trabalho assim.
O primeiro passo a se tomar aqui é que as pessoas interessadas criem um planejamento coletivo, analisando todos os interesses. Sendo que as principais características de uma comunidade cohousing são:
- Colaboração: Existe o compartilhamento de utensílios e até automóveis para realizar tarefas requisitadas pela comunidade;
- Meio ambiente: Essas comunidades normalmente utilizam de telhado verde ou energia solar, além disso, se incentiva o uso de bicicleta e moderação no consumo de água;
- Tudo para todos: Cozinha, lavanderia, biblioteca, artes, tudo coletivo;
- Você faz isso e eu faço aquilo: os moradores dividem tarefas, cada um com suas funções; seja cozinheiro, jardineiro, etc;
- Casa é sua: você tem a sua própria casa, mas convive com a comunidade em horas recreativa ou para comer;
- Construído para ficar próximo: As comunidades são construídas por 20 a 40 casas, construídas uma de frente a outra, com áreas de lazer nelas.
E caso tenha se animado com a ideia, abaixo você poderá entender melhor as etapas de criação de um cohousing.
Focando na velhice
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o brasileiro vem vivendo cada vez mais. A expectativa de vida nos anos de 1940 até 2015 aumentou em 30 anos!
A estimativa até o ano 2050, é que a população brasileira se torne 30% composta por pessoas de 65 anos.
Um dos maiores problema ao chegar à terceira idade é o sentimento de solidão e abandono, já que numa vida corrida e cheia de problemas para serem resolvidos o mais rápido possível, um idoso não tem condições de acompanhar uma rotina dessas.
Além da dependência, como os Brasileiros estão tendo cada vez menos filhos, terá muito menos gente para olhar por nossos idosos. Já no cohousing, existe a sensação de pertencimento e identidade, duas peças fundamentais para uma boa vida que são quase negadas quando se chega à velhice.
Como as casas nessas comunidades são construídas especialmente para pessoas mais de idade, elas podem ser pequenas, mais eficientes no uso de energia e melhor desenhadas para idosos, assim evitando acidentes frequentes nessa etapa da vida.
Aliás, graças a ajuda conjunta da comunidade, se melhora a saúde e redução de gastos remédios, além disso, se combate a depressão.
Os tipos de cohousing
Existem dois tipos diferentes de cohousing, criados para atender diferentes grupos.
- Intergeracional: Este é o tipo de comunidade que engloba crianças adolescentes, adultos e idosos. Ideal para famílias jovens com crianças pequenas ou com dependentes;
- Senior Cohousing: Voltado para pessoas de idade avançada, mas que ainda querem uma vida de qualidade e autônoma.
Formando o cohousing
Existem certo cuidados para se criar um cohousing sustentável, saudável e harmonioso para todo mundo.
Esses cuidados são:
- Reunir pessoas: Um grupo de pessoas com objetivos parecidos, seja por uma vida saudável, banda musical, arte ou simplesmente o objetivo de viverem juntas; contando que a comunidade viva por um bem comum, nada mal irá acontecer.
- Regras: Se decidir como será a governança da comunidade, separação de atividades, acordos, etc.
- Não existe líder: Hierarquia não existe, nada de líderes ou presidentes. Muitos menos por voto. Tudo é feito por consenso de todos; se verifica se a comunidade se sente confortável com as resoluções, caso contrário, entra o facilitador.
Moradia legalizada
Para evitar futuras dores de cabeça, é interessante criar uma pessoa jurídica pelo qual o grupo possa usar para assinar contratos, evitando desmontes e protegendo o projeto se caso algo acontecer.
Seria interessante também a criação de um estatuto para que os participantes possam saber a forma de funcionamento, como funcionará a comunicação, o que fazer com o lixo, limpeza, cozinha, poluição sonora e que incentive o respeito entre todos.
O cohousing no Brasil
Apesar da prática de cohousing ser mais forte em países europeus, o mercado nacional vem crescendo bastante. Estima-se que cerca de 63% dos brasileiros ou já vivenciaram, ou conseguiriam se adaptar com certa facilidade ao estilo do cohousing.
Fatores como a economia gerada na divisão de despesas, e o custo com internet e gás são vistos como um dos principais fatores para a escolha deste tipo de moradia. Há até mesmo a possibilidade de se compartilhar apartamentos (como as famosas “repúblicas”), onde a economia se estende até mesmo nos gastos com aluguel e alimentação, uma vez que os moradores dividem tudo igualmente.
As repúblicas são um grande exemplo de cohousing no Brasil, porém ainda temos a ideia de enxergá-las apenas para jovens e estudantes, quando na verdade elas podem ser utilizadas e expandidas para todas as pessoas.
Pensávamos que com a era da internet estaríamos mais interligados uns aos outros, fortalecendo laços cada vez mais fortes e longos, fortalecendo a globalização.
Mas não é bem assim.
Infelizmente, a internet incentivou a individualização do individuo, amizades que são mais números do que laços, tornando as coisas tão fáceis que nem se é necessário sair de casa para se fazer alguma coisa.
Aliás, com a doentia velocidade que o mundo se desenvolve, a falta de tempo que temos para nós mesmos e para nossos vizinhos, a cultura do consumo parasitando nossos cérebros, acabou adoecendo nossas almas. Assim, vivemos em uma sociedade que ao mesmo tempo que é populosa e cheia de gente, também é uma sociedade solitária.
Conforme o tempo, isso é mais perceptível nas pessoas idosas, as quais são normalmente evitadas e esquecidas, como um objeto antigo na casa, tornando pessoas tristes e sozinhas, e até mesmo se isolando do resto do mundo. O cohousing é uma alternativa, boa e sustentável, para curar esse mal.
Uma ideia que incentiva mais o coletivo e calor humano do que frios algoritmos e um infernal estresse de pressa e agendas. Um meio pelo qual, as pessoas idosas possam ter vida mais dignas, feliz e que se sintam mais útil para a comunidade. Isso é cohousing, uma ferramenta contra o individualismo, solidão e pertencimento.