Caso você seja da área de construção civil, então provavelmente você já conhece a NBR 5738. Isso pois, se alguma vez você precisou fazer corpos de prova de concreto, então você já a utilizou, mesmo que tenha sido sem saber.
Isso é mais comuns para estudantes de engenharia civil, onde há uma prática laboratorial na qual os estudantes devem fazer corpos de prova de concreto para posteriormente medir suas resistências. E, sendo os corpos de prova cilíndricos os mais comuns, a NBR 5738 dita o procedimento que deverá ser realizado para a moldagem e também a cura destes corpos de prova.
E, caso você já seja um engenheiro atuando na área, sabe muito bem qual a importância de testar corretamente o concreto que está usando em sua obra e, apesar de haver diversas outras normas que devem ser seguidas juntamente com a NBR 5738, isso não a torna menos importante.
Assim sendo, o intuito deste artigo é lhe apresentarmos uma “norma comentada”, onde discutiremos sobre a NBR 5738 para que ela torne comum para você de modo que você possa utilizá-la sem quaisquer problemas. Pois então, mãos a obra.
Veja também:
NBR 5738 – Norma Comentada
Caso você já tenha adquirido a norma de alguma maneira, e se disponha a lê-la, talvez você fique um pouco perdido na linguagem técnica apresentada, mas nós te garantimos que não há com o que se assustar. Vamos te ajudar a entendê-la.
A começar, esta norma prescreve como os moldes cilíndricos deverão ser, sendo que sua altura deverá ser igual ao dobro de seu diâmetro. Com relação ao diâmetro, ele será definido de acordo com o concreto a ser utilizado e também dos agregados, mas basicamente ele terá um dos seguintes valores: 10 cm, 15 cm, 20 cm, 25 cm, 30 cm ou então 45 cm. Ou seja, caso você esteja a utilizar um concreto convencional ou que contenha agregados que possuam uma dimensão máxima de 25 mm, seu molde então terá 10 cm de diâmetro com 20 cm de altura.
Os moldes utilizados deverão ser de aço, ou então de um material que não seja absorvente e que também não reaja de alguma maneira com o cimento utilizado e, é claro, que seja resistente ao ponto de manter sua forma durante a moldagem. A face superior deverá estar aberta, a lateral e o fundo deverão ser estancados quando forem fechados e ser de fácil desmoldagem, para que assim o corpo de prova não seja danificado. O molde deverá possuir uma base plana, sendo que a tolerância deverá ser de até 0,05 mm.
Utilize-se da NBR NM 33 e a NBR NM 67 para realizar a amostragem do concreto para registrar data, a hora da adição de água da mistura, qual foi o local de aplicação, a nota fiscal do lote de concreto, a hora da moldagem e o abatimento obtido. Após isso deve ser feito o revestimento dos moldes com uma camada fina de óleo mineral, ou então um desmoldante comercial próprio para isto, aconselhamos a estar preparado para o forte odor do desmoldante.
Os moldes deverão ser posicionados em uma base seca e plana, onde permanecerão pelas próximas 24 horas, o local deverá ser longe de circulação e também deverá ser devidamente protegido do sol, de água e de contatos e vibrações. De modo a moldar os corpos de prova deverá ser feito uma mistura de concreto, de modo a garantir sua uniformidade. Em seguida o concreto deverá ser despejado dentro do molde, onde tanto a quantidade de camadas como a quantidade de golpes para o adensamento são definidos pela própria NBR 5738.
A quantidade de camadas, bem como de golpes de adensamento devem estar de acordo com as dimensões utilizadas nos corpos de prova, e se o seu adensamento será mecânico ou manual. Ou seja, caso o seu corpo de prova possua 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura e você esteja utilizando um adensamento manual, então serão necessárias duas camadas, cada uma delas será adensada a partir de uma aplicação de 12 golpes com uma haste metálica. Sendo que os golpes deverão ser distribuídos uniformemente, sempre tomando o cuidado para, na primeira camada, a base do molde não ser golpeada. Com relação as demais camadas, seu adensamento deverá ocorrer em toda a espessura, e a haste deverá penetrar 2 cm da camada anterior.
Em seguida bata levemente na face externa do molde, de modo que os espaços vazios que são ocasionados pelo adensamento possam ser fechados. Na última camada é necessário moldá-la com uma quantidade de concreto a exceder o volume do molde, de modo que, com uma régua metálica ou então com uma colher de pedreiro, possa se realizar o rasamento, sem que sejam adicionados materiais após o adensamento. De modo que a perda de água do concreto possa ser evitada, os corpos de prova deverão ser cobertos por um material impermeável, não absorvente e não reativo.
NBR 5738 – Depois da moldagem
Certo, você já realizou a moldagem no passo anterior, e agora, como proceder? Antes de mais nada é necessário que você espere pelo tempo de cura de 24 horas. Após passado este tempo, os corpos de prova deverão então ser desmoldados, é feita sua identificação e eles são então submetidos a cura úmida até que seja dado o momento do ensaio, sendo então acondicionados em uma solução que esteja saturada de hidróxido de cálcio a uma temperatura de 25 ºC, ou então em uma câmara úmida que esteja nesta mesma faixa de temperatura, e com a umidade relativa do ar superior a 95%. Os corpos de prova deverão ser protegidos de qualquer contato que eles possam ter com a água.
Após este período de cura passar, as bases dos corpos de prova serão então preparadas de modo a garantir a perpendicularidade e a planicidade com o eixo longitudinal do corpo de prova, parece complicado, mas não é. Para preparar as bases deve-se remover, através de meios mecânicos, uma camada final de material das bases. Esta operação será executada em máquias abrasivas, que são previamente adaptadas para esta finalidade. A superfície obtida deve ser lisa e sem ondulações ou abaulamentos.
Após as bases serem preparadas, registra-se então as medidas de diâmetro e altura encontradas para os corpos de prova com o auxílio de um paquímetro. Para se determinar a resistência à compressão, deve-se seguir a NBR 5739, porém, antes disso, tanto as faces do corpo de prova quanto os pratos da máquina de ensaio deverão ser limpos e secos, de modo a estarem isentos de sujeira. O corpo de prova é então colocado na mesma direção que foi moldado, no centro do prato inferior da presa, de maneira que o eixo do corpo de prova possa coincidir com o da prensa.
A prensa então imprime força ao corpo de prova até que ele sofra uma ruptura. E, quando isso ocorrer, deve-se anotar a carga máxima que foi aplicada, e posteriormente realizar o cálculo de resistência à compressão.
Pronto, feito isso você chegou ao resultado final de resistência a compressão para o seu corpo de prova, tudo isso sem maiores complicações.
A importância da NBR 5738
Realizar o ensaio da NBR 5738 é de extrema importância, pois só assim você terá uma noção do quanto o concreto que você está a utilizar realmente resiste, e poderá basear seus cálculos em cima deste valor, e não de valores pré estabelecidos em um documento.
E não que os valores pré estabelecidos estejam errados, lembre-se sempre que a resistência do concreto poe decair dependendo de diversos fatores. Se ele for feito em obra sua resistência pode cair dependendo de sua preparação. Se ele for feito fora da obra, seu simples transporte pode contribuir para que sua resistência decaia. Este é o tipo de observação que o engenheiro responsável deverá estar sempre atento e considerar com antecedência.
PDF da NBR 5738
Priorize sempre a segurança de sua obra como um todo!